Quem dorme mais de nove horas por dia tem mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Tradicionalmente, é a privação de sono que aparece associada a esses problemas
Dormir bastante não é garantia de organismo descansado. Pelo contrário: sono em excesso pode indicar um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares. É o que afirma um estudo do Centro de Controle de Doenças, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos.
A novidade da pesquisa, publicada na revista Sleep, é a incidência de problemas na saúde em quem passa das nove horas diárias de sono - uma frente de pesquisa que começa a ser investigada também pelos médicos brasileiros.
Tradicionalmente, era a privação de sono que aparecia associada a eventos cardiovasculares na literatura médica, diz o neurologista do Instituto do Sono, da Universidade Federal de São Paulo, Luciano Ribeiro Pinto Júnior. "Agora, dormir demais também se mostra desinteressante para a saúde".
Na pesquisa americana, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares aumentou 1,5 vezes entre os entrevistados que dormiam nove horas ou mais por dia em relação aos que dormiam entre sete e oito horas - período recomendado para o descanso. O mesmo risco foi 2,2 vezes maior para quem dormia menos de cinco horas.
Apneia do sono e obesidade também estão relacionados a horas de sono em excesso. "A qualidade do sono é um indicador da qualidade de vida e da saúde do indivíduo", afirma o presidente do Departamento de Neurologia da Associação Paulista de Medicina, Rubens Reimão.
Para os especialistas, dormir menos ou demais não é uma doença. "Não é o sono que mata, mas sim o que causa pouco ou muito sono", diz o neurofisiologista do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas, Flávio Áloe.
Os médicos ainda investigam a ligação entre dormir muito e o aparecimento de doenças. "Sabemos que dormir pouco pode liberar substâncias no organismo e gerar mais estresse. Não sabemos, porém, os efeitos no organismo de dormir muito", diz a especialista em medicina do sono da Associação Brasileira do Sono, Luciana Palombini.
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