O Brasil forma quase três vezes menos engenheiros do que os países desenvolvidos integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), aponta estudo feito pelo especialista em análise de dados educacionais, Ernesto Faria, do portal Estudando Educação.
A partir de relatório da OCDE, o pesquisador reuniu dados sobre 36 países. Constatou-se, sobretudo, que o Brasil é o país com o menor percentual de formandos em engenharia, indústria e construção, apenas 4,6% do total. O Chile, outro sulamericano na pesquisa, tem 13,7% de titulados nessa área do total de concluintes do ensino superior. Entre os países da OCDE, a média é de 12%. Na Coreia do Sul e no Japão, por exemplo, os formandos nessas áreas respondem por 23,2% e 19% do total, respectivamente.
De acordo com o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, já foi colocado em prática uma espécie de mapeamento, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e outros órgãos do governo, para identificar quais áreas do conhecimento, inclusive as engenharias, precisarão ter um aumento no número de profissionais formados para atender as demandas do País nas próximas décadas.
“Com a expansão do Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, lançado em 2007], dobramos a matrícula nos cursos de engenharia. Então, no horizonte de uns cinco anos, já teremos uma mudança porque os concluintes vão aumentar muito. Mas, independentemente disso, temos que avançar mais. Estamos levantando a demanda estado por estado e as necessidades de cada especialidade”, afirma Costa.
Esforços
Os resultados do mapeamento devem estar disponíveis nos próximos dois meses. Segundo o sercretário, já em um primeiro momento, a engenharia naval demanda um forte resgate para suprir a necessidade de profissionais.
“Estamos fazendo uma projeção até 2050 porque precisamos ter uma visão estratégica do que o País precisa. O Estado vai agir como um tutor, respeitando a autonomia das universidades. Será um trabalho de convencimento, mostrando esses resultados. Em alguns casos, se for do interesse do governo, podemos propor editais”, afirma.
Conforme informações da Agência Brasil, as áreas preferidas de formação dos estudantes brasileiros no ensino superior são ciências sociais, negócios, direitos e serviços (37,1%) e humanidades, artes e educação (29,3%).
Evasão
Um dos gargalos expoentes que dificultam a tarefa de fortalecer o ensino de engenharia no País está na evasão dos alunos. “Dos mais de 100 mil que entram, saem 35 mil”, aponta o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro. A previsão é que 50 mil se formem em 2011 e o ideal, segundo ele, seria chegar a 80 mil titulados anualmente.
“Havia muita evasão porque o curso é difícil e as oportunidades de trabalho eram pequenas, os alunos não tinham estímulo para terminar. Hoje a gente começar a ter uma outra visão porque os estudantes começam a trabalhar ainda na faculdade e já saem empregados em função do crescimento do país”, avalia.
Para reduzir o abandono, é importante ainda melhorar a qualidade do ensino médio para que os alunos consigam acompanhar o curso sem dificuldade. Pinheiro conta que algumas instituições têm gastado algum tempo, no início da graduação, para reforçar os conteúdos que os alunos deveriam ter aprendido na educação básica em áreas como matemática. Costa admite que é preciso otimizar o fluxo.
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