quarta-feira, 20 de outubro de 2010

PONTO DE GATILHO?

Ponto gatilho recebe esse nome porque é capaz de gerar dor, quando comprimido, em um outro local do corpo. Essa dor é denominada dor referida. As regiões acometidas com dor referida podem ser várias: músculos, articulações, gengiva, dentes, ouvidos, etc. A estimulação dos pontos gatilho pode levar não apenas ao aparecimento da dor, mas também sensibilidade à palpação de estruturas profundas, sensibilidade ao calor ou ao frio e ao surgimento de alguns sinais como lacri­mejamento e salivação ipsilaterais ao ponto.

Esses pontos estão intimamente relacionados à síndrome de dor miofascial, sendo importante a sua identificação para a realização do diagnóstico dessa comorbidade (presença ou associação de duas ou mais doenças no mesmo paciente). A síndrome é extremamente comum, mas possui incidência contraditoriamente baixa. Isso se deve ao fato de os médicos estarem realizando diagnósticos imprecisos e equivocados. Nesse sentido, um diagnóstico normalmente feito é o de fibro mial gia.

O ponto gatilho miofascial é um nódulo que se forma em algum ponto específico do músculo esquelético e que tem um baixo limiar para estímulos, respondendo, na maioria das vezes, de forma dolorosa. Essa resposta também pode se manifestar como alterações motoras do músculo ou gru­po muscular atingido, ou ainda como disfunções autonômicas por ativação simpática.

Os pontos gatilho podem ser classificados em latentes ou ativos. Um ponto é dito ativo quando ele está provocando os sinto mas de forma constante. Com repouso adequado e a cessação dos fatores estimulantes, ele pode se reverter espontaneamente para um ponto latente. 

Os pontos latentes aumentam a tensão muscular e podem diminuir a amplitude de movimento, mas não provocam dor se não forem estimulados ou comprimidos e podem não ser reconhecidos pelo paciente até se tornarem ativos por alguma causa. Esses pontos podem persistir por anos após uma lesão e predispõem a crises dolorosas agudas, tornando-se ativos após um alongamento ou esforço excessivo, um trauma direto como queda ou torção ou ainda por estresse emocional. 

Trabalhadores braçais, que executam tarefas de força diariamente, são menos susceptíveis a desenvolverem síndromes miofasciais e pontos gatilho do que os sedentários. Há ainda os pontos chamados "satélites", que são pontos de menor dor localizados ao redor dos pontos primários. 

Os pontos gatilho podem desencadear sintomas de ordem motora, sensorial e autonômica. Os aspectos motores dos pontos gatilho ativos e latentes são: disfunção motora, fraqueza, rigidez e restrição dos movimentos. Os aspectos sensoriais incluem dor local ou referida em algum sítio dis­tante, e sensibilização periférica e central. Na sensibilização periférica ocorre um aumento da responsividade dos noci ceptores nos terminais nervosos periféricos, enquanto que na central há um aumento da excitabilidade dos neurónios do sistema nervoso central. Isso pode resultar em alodinia e hiperalgesia. Os aspectos autonômicos podem envolver, entre outros, vaso constrição, transpiração, pilo ereção, coriza, lacrimejamento e distúrbios proprioceptivos. 

Alguns dos locais mais frequentemente acometidos por pontos gatilho são a região cervical e a cintura escapular, especialmente os músculos trapézio, escale no, o esternocleidomastoídeo e o ­elevador da escápula, cintura pélvica e musculatura mastigatória. No trapézio, por exemplo, podem ser encontrados bilateralmente seis diferentes pontos gatilho miofasciais, distribuídos nas fibras superiores, médias e inferiores do músculo, cada qual com seu padrão de dor referida.

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