sexta-feira, 18 de março de 2011

EFEITO ESTUFA E SUAS DIVERGÊNCIAS


O aluno de doutorado da Universidade de Washington, Kyle Armour, desafiou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
 Dizendo que algumas conclusões dos pesquisadores desta organização ganhadora do Prêmio Nobel teriam falhas. A principal conclusão que ele refutou é a sugestão da ONU de que combater o uso de aerosóis poderia frear o aquecimento global. Para Armour, esta afirmação não está 100% correta. Ele mostra dois cenários, um em que o corte da emissão de aerossóis influenciaria pouco a mudança climática e outro onde a temperatura continuaria subindo.
Os assuntos aquecimento global e mudanças climáticas sempre estão cercados de divergências. Os cientistas brigam entre si chamando uns aos outros de “ecochatos”, “xiitas do clima” ou mesmo “céticos”. Alguns defendem que o aquecimento global tem causas humanas, outros dizem que o processo é natural.
Em seu estudo, Armour não questiona a influência dos aerossóis. “Este não é um argumento para dizer que nós devemos continuar emitindo aerossóis. É um ponto de vista dizendo que precisamos ser inteligentes sobre como parar de emitir. E nós temos que agir, porque quanto mais tempo emitirmos, pior ficará”, diz. O que o pesquisador quer provar, no entanto, é que alguns modelos utilizados pelo IPCC para tentar simular os efeitos dos aerossóis ou dos gases do efeito estufa no aquecimento global podem ter falhas.
A simulação do IPCC consiste em variar os níveis de agentes como aerossóis; sal do mar; fuligem da queima de combustíveis fósseis; ou os gases do efeito estufa como o dióxido de carbono ou o gás metano. Em seguida a variação destes agentes é estudada, em porcentagens aproximadas, para saber como cada um influenciaria uma mudança climática em rede. Eles aumentam e diminuem a concentração de cada agente e estudam os efeitos.
Segundo o pesquisador, os modelos que resultam dos estudos descritos acima podem ser substituídos por dados atuais, mas a pequena quantidade a qual alguns agentes foram reduzidos limitou os resultados. Ele argumenta que a quantidade de variáveis que consideraram e seus efeitos também foi um fator limitante. Além disso, Armour argumenta que os resultados são limitados pela dúvida sobre quão precisamente nós conseguimos medir certas variáveis, como por exemplo, os níveis de aerossóis em todo mundo.
O cientista conclui, então, que os modelos atuais têm falhas e que eles não conseguem considerar o quão difícil e cercado de incertezas é a tarefa de medir a quantidade de aerossol que contribuiria para a mudança climática. Assim, não se pode dizer se o efeito dele sobre a mudança climática é grande ou pequeno.
Em um cenário positivo, onde eles contribuiriam minimamente ao aquecimento, eles não mascarariam os efeitos dos gases de efeito estufa. Se todas as emissões de aerossóis e gases fossem cortadas, os aerossóis iriam desaparecer rapidamente da atmosfera. Contudo, os gases de efeito estufa permaneceriam durante anos em níveis elevados. Assim, o resultado sobre o aquecimento iria ser muito pequeno, dado que os aerossóis seriam os principais culpados.
Em outro cenário, onde os aerossóis tivessem grande contribuição, mascarariam os efeitos dos gases estufa. Neste caso, mesmo se as emissões parassem, a temperatura iria continuar subindo, já que os gases continuariam na atmosfera e seriam os principais agentes de aquecimento. Este aumento causaria alguns dos efeitos previstos mais severos da mudança climática.
Em outras palavras, Armour está argumentando que a incerteza da participação dos aerossóis nos modelos pode levar o IPCC a subestimar a diferença de aquecimento que ocorreria nestes dois diferentes cenários. O pesquisador diz que a organização precisa ter estas incertezas em mente em seus próximos relatórios, assim, conseguiria delimitar exatamente qual a ação dos aerossóis e em que quantidade eles contribuem para o aquecimento global. Mas sem duvidar que eles são vilões do clima.

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