Um dos aniversários mais lembrados no mundo, em 2011, não é de uma celebridade ou instituição, mas de uma tragédia que marcou o início do século XXI. No próximo dia 11, os ataques terroristas às torres gêmeas, em Nova Iorque (EUA), completam dez anos.
Apesar do tempo, cientistas ainda descobrem novas consequências daquela ocasião. Aparentemente, bombeiros que trabalharam durante a primeira remoção de destroços, logo após o atentado, têm maior tendência a ter câncer desde então.
O estudo, conduzido por médicos do próprio departamento de bombeiros de Nova Iorque, analisou, durante os anos seguintes, o quadro de saúde dos profissionais que atuaram logo após a catástrofe. A inalação de poeira e partículas tóxicas, pelo ar, causou danos permanentes no organismo dos bombeiros. Como resultado, 19% dos homens que atuaram no 11 de setembro tiveram câncer diagnosticado depois dessa data (considerando os que foram diagnosticados antes da ocasião, esse número sobe para 32%).
O que chama a atenção nesse estudo é justamente a rapidez. A inalação dessas substâncias tóxicas, conforme já se sabe, costuma se tornar um câncer de 10 a 15 anos depois, no mínimo. Desta vez, estes bombeiros foram diagnosticados com câncer logo nos primeiros sete anos.
A teoria que os cientistas têm, para essa rapidez, é a intensidade: em prédios de proporções gigantescas, como as torres gêmeas, a incidência de substâncias é muito maior. Supera, por exemplo, o nível tóxico de outras situações em que se costuma pegar câncer por inalação de partículas, tais como trabalhos em minas, siderúrgicas ou indústrias químicas, sem máscaras proteção.
Tal como nessas indústrias, as pequenas partículas minerais foram responsáveis pelos casos de câncer. As substâncias mais nocivas, como explicam os cientistas, são o amianto, que se fixa nos pulmões, brônquios e invade a circulação; e o benzeno, responsável pela proporção colossal dos incêndios que se seguiram ao choque dos aviões.
Um grande cuidado que os pesquisadores tomaram foi de não generalizar os casos de câncer. Dentre estes 19% diagnosticados, a maioria apresentou mieloma: grosso modo, é câncer nos glóbulos brancos. Isso corresponde às expectativas dos cientistas, já que a entrada de partículas tóxicas no sangue é diretamente relacionada ao mieloma.
Mas havia também vários outros tipos de câncer, que não necessariamente foram adquiridos depois da derrubada das torres. Como se trata de um câncer que deveria levar muitos anos adicionais para aparecer nos portadores, ainda é preciso esperar um bom tempo para tirar conclusões mais precisas.
O governo americano aprovou, em dezembro do ano passado, uma lei que facilita o atendimento médico a quem trabalhou em áreas de risco após o 11 de setembro, como uma espécie de plano de saúde. O problema é que isso não cobre, por enquanto, os casos de câncer. No passado, determinações governamentais dos EUA afirmaram não haver relação entre inalar produtos tóxicos e contrair a doença. Amparados pelas recentes pesquisas, os cientistas querem mudar essa realidade, para proteger os bombeiros.
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